A farmacêutica Bluepharma, uma referência na produção e exportação de medicamentos, está a levar a cabo um dos maiores investimentos de sempre na área industrial de Coimbra. No âmbito de uma candidatura ao Portugal 2020, tem em curso um investimento de mais de 50 milhões de euros, repartidos em valores idênticos pela unidade sede de S. Martinho do Bispo e pela nova fábrica de Eiras.
«Iniciámos o nosso trajecto há 20 anos com os medicamentos genéricos, que existiam nos países mais desenvolvidos e eram um indicador de qualidade de vida, mas não existiam ainda em Portugal. Disponibilizar medicamentos acessíveis ao doente e contribuir para poupar dinheiro ao Estado era algo que tinha a ver com a nossa responsabilidade social», recorda o presidente do Conselho de Administração, Paulo Barradas. Por outro lado, «queríamos exportar, criar postos de trabalho e crescer, para investir em investigação e desenvolvimento e começar a proceder a uma transformação de uma empresa baseada em genéricos para uma empresa com cariz mais inovador, que encontrasse soluções terapêuticas para necessidades ainda não satisfeitas na área da saúde», acrescenta.
A estratégia foi cumprida com êxito e até superação. Duas décadas passadas, a Bluepharma é uma empresa que exporta 90% dos medicamentos que produz, emprega mão-de-obra altamente qualificada – 70% dos quadros são licenciados e há 40 colaboradores doutorados – e tem um centro de investigação e desenvolvimento em S. Martinho do Bispo onde já trabalham 130 cientistas.
Num mercado fortemente competitivo como é o dos medicamentos genéricos – onde várias empresas trabalham o mesmo tipo de medicamentos -, a Bluepharma percebeu que tinha nos seus recursos humanos altamente qualificados um trunfo para se afirmar num nicho de mercado. «Se tínhamos boas equipas, criadas com a Universidade de Coimbra, de pessoas que sabem desenvolver medicamentos genéricos, decidimos que faríamos os mais complexos, onde menos empresas chegam», explica Paulo Barradas.
A aposta no desenvolvimento destes medicamentos de alta potência iniciou-se há 12 anos, detendo hoje a Bluepharma um dos maiores portfólios nesta área, que se prepara para começar a fabricar. «Cerca de 90% são medicamentos para a Oncologia, essenciais à nossa sociedade mas extremamente caros, quase inacessíveis, e muito difíceis de suportar pelo erário público», repara o presidente da empresa, reiterando o interesse público dos genéricos.
«Investir para inovar e inovar para internacionalizar, sempre em parceria com outras empresas e obcecados pela qualidade» é um lema que, segundo o responsável, resume bem a filosofia da Bluepharma. Para chegar a este ponto, Paulo Barradas admite que «foi preciso um forte músculo financeiro e estabelecer parcerias sólidas com empresas do mercado internacional, nomeadamente do mercado alemão, que viram em nós uma fonte de conhecimento interessante na área da formulação farmacêutica».