"A inovação é a pedra de toque de qualquer organização, permitindo surpreender a cada momento."
Há 24 anos a desenvolver, investigar e a produzir medicamentos genéricos, a Bluepharma tem dedicado mais de metade da sua existência ao desenvolvimento de medicamentos de alta potência direcionados para a área do cancro. A farmacêutica de Coimbra começou com genéricos convencionais, criou os primeiros grupos de trabalho e fez uma primeira aproximação à Universidade de Coimbra - instituição com a qual mantém desde sempre uma «relação belíssima» e que tem permitido a «diferenciação e crescimento com produtos de alta intensidade tecnológica» - sendo que em 2003 surgiu o primeiro Centro de Investigação e Desenvolvimento.
«Muito cedo percebemos que tínhamos potencial em Coimbra e que devíamos evoluir para medicamentos mais diferenciados », começa por explicar Paulo Barradas Rebelo, com o CEO a recordar que foi este o caminho que permitiu à Bluepharma «entrar nas cadeias globais de fornecimento e firmar alianças estratégicas com empresas do mercado internacional».
Considerando que «a inovação é a pedra de toque de qualquer organização», na medida em que «permite surpreender o cliente a cada momento», e face aos conhecimentos e produtos desenvolvidos até então, a Bluepharma decidiu criar em Eiras uma unidade industrial inteiramente dedicada aos medicamentos genéricos de alta potência, sólidos orais (cápsulas e comprimidos). Inaugurada em 2023, é uma fábrica única em Portugal e uma das mais sofisticadas da Europa com uma capacidade instalada de 300 milhões de unidades que têm como destino a exportação, com esta unidade industrial a estar em linha com a de S. Martinho do Bispo, que exporta 90% do que produz para «cerca de 40 países», com «mais de 100 marcas diferentes no mercado internacional».
Desenvolvimento de Injetáveis Complexos
Procurando andar «sempre à frente» e com o passo acertado «com a ciência mais sofisticada que se faz no mundo», a farmacêutica de Coimbra, além dos genéricos convencionais e dos medicamentos de alta potência, tem vindo também a dedicar-se ao desenvolvimento de injetáveis complexos, isto é, «terapias avançadas» direcionadas para a área do cancro. «São complexos na sua formulação, no seu fabrico, nos métodos analíticos, na área regulamentar e nos ensaios clínicos», por isso «sentimos que estamos a endogeneizar conhecimento na região» estimulando «a Universidade e nós próprios a avançar», evidencia Paulo Barradas. Neste sentido, a Bluepharma lidera o CInTech - Polo Tecnológico de Inovação, Translação e Industrialização de Medicamentos Injetáveis Complexos, consórcio no âmbito Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que visa «criar valor na região com produtos de alta intensidade tecnológica» permitindo «tratar melhor os doentes com custos mais baixos», uma questão «muito sensível» para a farmacêutica. Tratando-se de uma empresa de medicamentos genéricos, «o fator custo tem sempre uma grande importância», indo ao encontro dos valores que definem a sua responsabilidade social e que passam por «produzir medicamentos de grande qualidade, cada vez mais sofisticados e a custos muito baixos». Além da Bluepharma, integram o consórcio a Universidade de Coimbra, o Instituto Ibérico de Nanotecnologia, e três PME’s (Biotrend, JPM e Jointsteel), num investimento global de 30 milhões de euros.
Estes produtos de terapias avançadas ainda estão em fase de desenvolvimento e «podem vir a potenciar a Imuno-Oncologia», um conjunto de «estratégias para explorar o sistema imunitário do paciente». É uma das vertentes «mais importantes e promissoras na área do cancro», porque embora exista atualmente «um portfólio imenso de medicamentos para o cancro, ainda é difícil direcionar essas moléculas no organismo, o que causa os efeitos secundários», explica. É, assim, ambição da Bluepharma de, em 2026, aquando dos 25 anos da farmacêutica, inaugurar na unidade industrial de Eiras o CInTech, o primeiro centro tecnológico do género no país. «O cancro representa hoje o maior investimento da industria farmacêutica e também os maiores custos dentro das áreas terapêuticas no Sistema de Saúde nacional e no mundo inteiro», por isso o trabalho desenvolvido na Bluepharma tem como missão, por um lado, «dar acessibilidade ao doente, criar poupanças importantes para o Estado, equilibrar a balança comercial na área do medicamento, gerar emprego qualificado e desafiar o sistema científico nacional, colaborando com ele, e ajudando-o a desenvolver-se». Através da evolução da Inteligência Artificial, conclui, «é nossa esperança que se descubram medicamentos mais rapidamente, e que se possam acelerar também os ensaios clínicos».