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Luzitin vai liderar desenvolvimento de fármaco para utilização no tratamento do cancro, resultado de parceria entre a UC e a Bluepharma

A Universidade de Coimbra (UC), a empresa farmacêutica Bluepharma e a InovCapital assinaram no passado dia 7 de Outubro um acordo de licenciamento de tecnologia e de financiamento com a Luzitin, empresa que liderará a próxima fase de desenvolvimento de uma promissora investigação no âmbito do tratamento de diversos tipos de doenças oncológicas. O objectivo é o desenvolvimento pré-clínico e clínico de um fármaco para utilização em terapia fotodinâmica, cujos resultados actuais apontam para um aumento de cerca de 100 vezes em termos de eficácia, bem como para um aumento de segurança e comodidade de aplicação, comparativamente aos medicamentos deste tipo actualmente disponíveis. Espera-se, deste modo, que o desenvolvimento deste medicamento venha a contribuir para um aumento da esperança e da qualidade de vida dos doentes com cancro: a terapia fotodinâmica apresenta variadas vantagens, nomeadamente uma baixa toxicidade, uma acção dirigida e efeitos secundários reduzidos. Para iniciar a fase de ensaios clínicos em humanos, após a validação do conceito técnico e as experiências em animais, a UC e a Bluepharma transferem o conhecimento até agora produzido para a esfera privada, através do licenciamento desta propriedade intelectual à empresa Luzitin, uma nova spin-off de base tecnológica nascida no seio da Universidade. O elevado esforço financeiro será suportado pela sociedade de capital de risco InovCapital, bem como pela própria Bluepharma e pelos inventores das patentes. Quando estiver disponível no mercado, o novo medicamento será administrado ao paciente e posteriormente ‘activado’ através de um laser de radiação infravermelha, levando à morte das células neoplásicas. Será então possível obter um efeito terapêutico mais eficaz e com menos efeitos secundários do que o actualmente atingido pelos fármacos existentes.

Este será o culminar de um processo iniciado no Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, onde um grupo de investigadores tem vindo a desenvolver novas substâncias para possibilitar a melhoria da eficácia dos compostos usados na terapia fotodinâmica para o tratamento oncológico. Ciente da importância social e económica dos resultados atingidos com este projecto, a UC decidiu proteger em 2004 os resultados deste trabalho através de um pedido de patente, iniciando desde logo o processo de busca de parceiros interessados no seu potencial. Nesse mesmo ano, a Universidade e a Bluepharma, desde logo identificada como o parceiro com o perfil certo para este desafio, iniciaram um processo de valorização do conhecimento obtido, que envolveu o apoio de uma rede de parceiros estratégicos em que se destacam a Câmara Municipal de Coimbra, os Hospitais da UC e um grupo de investigadores polacos. O sucesso das primeiras experiências em animais, confirmando o enorme potencial da tecnologia para o tratamento de diversos tipos de doenças oncológicas, deu origem à submissão de uma segunda patente, em 2008. Para a UC, o acordo de licenciamento hoje assinado é um novo exemplo da aposta na realização da terceira missão universitária, revestindo-se de uma importância e significado estratégico singulares no panorama regional e nacional, pois resulta de uma bem-sucedida parceria, baseada no conhecimento de excelência desenvolvido nos seus laboratórios, com uma empresa e uma autarquia: o único caso em Portugal em que uma autarquia investe em propriedade intelectual e colhe o fruto do seu investimento. É, ainda, o reflexo dos enormes benefícios mútuos do trabalho conjunto entre investigadores e empresas, potenciado pela intervenção de estruturas universitárias que visam a valorização do conhecimento, como é o caso da Divisão de Inovação e Transferências do Saber da UC. Para a Bluepharma, este é mais um passo de uma estratégia apostada na internacionalização, inovação e procura da excelência, que lhe permitiu constituir-se como um projecto industrial de base tecnológica fortemente assente no conhecimento, de que é exemplo a recente publicação do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional de 2008, em que a farmacêutica de Coimbra ficou colocada em 5.º lugar entre as empresas que operam em Portugal por intensidade de I&D, ou seja, de despesa em I&D por volume de negócio.